Este é um comunicado sobre uma grande intervenção que está ocorrendo às margens do Rio Cabuçu de Cima. Antes de mais nada, vou dar algumas informações sobre este rio. Ele está localizado na divisa dos municípios de Guarulhos e São Paulo. É um tributário do Rio Tietê. De um lado do rio é São Paulo, do outro é Guarulhos. Por estar localizado no limite entre dois municípios, sofre os impactos decorrentes disso, sejam eles sociais, como o numero elevado de assentamentos precários, políticos, como o “joga pra lá e pra cá” das responsabilidades das duas prefeituras (São Paulo e Guarulhos), e principalmente, sérios problemas ambientais, despejo de esgoto sem tratamento no leito do rio, assim como todo tipo de lixo e resíduos sólidos, emissão de gases tóxicos e poluentes por parte dos veículos que circulam na Rodovia Fernão Dias e Rodovia Presidente Dutra ( neste trecho do rio está o entroncamento das duas rodovias), impermeabilização do solo, inundações, ilha de calor, entre outros.
Acrescentemos ainda nesta situação, o polêmico Terminal de Cargas Fernão Dias. Considerado o maior terminal de cargas da America do Sul, é um gigantesco produtor de gases poluentes provenientes da queima do óleo diesel de milhares de caminhões que circulam por ele diariamente, ainda mais se considerarmos o potencial tóxico e poluidor do diesel brasileiro, devido ao seu teor de enxofre. Consideremos ainda que o referido terminal de cargas está localizado dentro do bairro residencial Jardim Julieta, ao lado do Conjunto Habitacional Fernão Dias, circulado também por bairros residenciais como o Jardim Guancã, Vila Sabrina e Parque Edu Chaves. Alem disso, os ventos que sopram nas direções norte e leste, são levados para a serra da Cantareira e para o bairro do Tatuapé.
Neste contexto fragilizado,
alguns indivíduos, grupos e organizações, tem se destacado por suas lutas em
prol, principalmente, da resistência cultural e, também, da preservação
ambiental. Desta forma, a Agenda 21 do Vale do Rio Cabuçu, surge dentro de uma
situação, onde fervilha o ativismo cultural, e ambiental, procurando sensibilizar o Poder Publico em seus três niveis: Municipal, Estadual e Federal desta inconformidade social e de saúde ambiental e natural (foto Acima). Esta agenda se propõe ser
ferramenta para se alcançar a sustentabilidade local. Para isso, já está
mobilizando e aglutinando esses grupos.
A primeira ação desta agenda está
acontecendo às margens do referido rio, próximo à praça da “Brigada Ecológica”,
no Parque Edú Chaves. E ela se caracteriza numa intervenção com duas vertentes:
1 Painel Temático impresso pela arte de graffiti e 2 estrutura de segurança em
bambú fixada do lado interno do rio. A iniciativa inusitada está no graffiti
que trás índios resgatando a fauna que hoje está extinta ao longo do leito do
rio, como o jaçanã, a capivara, o preá, o morcego, o vagalume, o canário, entre
outros. E também no trabalho
realizado sobre estrutura feita em bambú, material resistente e flexível, muito
utilizado na permacultura, que
permite aos artistas grafiteiros ficarem suspensos três metros acima da lâmina
d`água. Desta forma, o painel, e toda a ação fica bem visível, neste trecho,
para quem vêm da Rodovia Fernão Dias, de Guarulhos para São Paulo.
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Este projeto tem como base uma ação de Educação Ambiental ao longo de 10
km do leito do rio, evidenciando para toda a comunidade que reside próximo a
ele, a história da fauna e da flora, que por milhares de anos habitou os espaços
que hoje estão cobertos por residências, concreto, asfalto, veículos e muito,
muito lixo.
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Alias o Ciliar, vem de cilios, que servem para proteger os olhos contra
qualquer impureza que possa entrar nele. As matas ciliares, assim como os
cílios, servem para proteger o rio de qualquer impureza que possa penetrar em
suas águas, como o lixo gerado pelas pessoas, terras proveniente de
desbarrancamentos e erosões e todo o tipo de sedimentos. Desta forma, prestando
um grande serviço de proteção ambiental ao rio.
A nossa luta busca acordar a comunidade do Vale do Rio Cabuçu para a
importância que representa esse rio em suas vidas, resgatar a história dele
esquecida por alguns e desconhecida por muitos, e quem sabe, provocar uma
mobilização, igual aquela provocada na década de 90, pela sociedade civil, que culminou
nos sucessivos projetos de despoluição do Rio Tietê, que perduram até hoje. Ou melhor, uma mobilização como a ocorrida na Inglaterra, que gerou um processo de despoluição que já dura 150 anos! E está dando resultado!! Peixes como o salmão, sensíveis a poluição, hoje podem ser vistos em suas águas. Até 1950, o Rio Tâmisa estava morto.
O Rio Cabuçu de Cima é um rio menor que os dois citados acima, portanto com maiores possibilidades de recuperação. Se realmente acreditarmos, essa luta poderá provocar um processo que tem grandes chances de culminar na revitalização do rio e na recomposição de sua mata ciliar.
Sábado, 21 de julho.
Venham e participem!!